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Uva no Ano Novo: a fruta que promete sorte na ceia garante renda no nordeste do Brasil

A uva é uma fruta milenar que vem ganhando mais consumidores adeptos a uma alimentação mais saudável. E no fim do ano, a demanda por este produto cresce ainda mais. A uva é um dos produtos mais vendidos para fazer parte das ceias de Natal e Réveillon. Há quem diga que a cada uva consumida na ceia, seja possível fazer um pedido para o Ano Novo, será que funciona? Bom, se o seu desejo é passar a produzir uva no próximo ano, não pode deixar de ler este post. Confira algumas dicas para iniciar a produção de uva de mesa no modelo que só cresce na região do Vale do São Francisco, na região Nordeste, o maior polo produtor da fruta no país.

O primeiro passo é escolher as variedades, de acordo com os objetivos da produção. Existem à disposição dos produtores várias cultivares geneticamente melhoradas e adaptadas ao Vale do São Francisco que atendem às características peculiares da região, explica o engenheiro agrônomo e produtor Fábio Ferreira, de Petrolina (PE). Estas variedades têm alta fertilidade e resistência a doenças e aos períodos de chuvas da região, que ocorrem justamente no período de janela para a exportação. Como a cultura é cultivada exposta ao sol, vento e chuva, qualquer intempérie provoca danos à cultura, com perdas que podem chegar a 100% da produção, principalmente pela abundância de chuvas. A estação chuvosa mais intensa na região vai de fevereiro a abril, mas podem ocorrer chuvas atípicas em novembro e dezembro.
A Embrapa disponibiliza quatro principais variedades, direcionadas especialmente aos pequenos produtores, diz o agrônomo. A BRS Vitória é uma cultivar de uva de mesa preta sem sementes, com sabor que lembra o da framboesa, bem adaptada ao cultivo em todas as regiões do país e que ganhou destaque no Vale do São Francisco.

Produtores de maior porte ou os pequenos de associações ou cooperativas podem acessar variedades de empresas privadas que podem agregar maior valor ao produto final. Isso porque essas empresas exigem - via um contrato comercial, que inclui o pagamento de royalties - o cumprimento de vários protocolos para a proteção do material genético da variedade e uma produção padronizada que visa os mercados mais exigentes.

Atualmente, com o avanço tecnológico e genética das variedades, é possível cultivar uva de mesa em qualquer período do ano no vale, mas se recomenda que o cultivo seja feito entre junho e o fim de agosto. A primeira poda é feita entre 10 e 12 meses após o plantio, e após 120 dias da poda, começa a colheita. Depois da colheita, é dado um “descanso” às videiras, um intervalo de 30 dias para que a planta recupere sua energia antes de começar o processo de podas para uma próxima produção. Desta forma, a cada 150 dias é possível fazer uma colheita, o agrônomo explica.
O Vale do São Francisco é o único lugar do país que se pode fazer podas o ano todo, mesmo em períodos mais críticos, diz ele. Assim, é possível ter cinco colheitas em dois anos, enquanto na região Sul há apenas uma colheita anual.

Adubação
Os solos do Semiárido nordestino são naturalmente pobres em fertilidade, então uma boa nutrição é também essencial para garantir uma boa produtividade. A recomendação é sempre fazer primeiramente a análise do solo para se certificar das doses adequadas de nutrientes e correção do solo necessária antes do plantio e no pós-plantio para suprir alguma deficiência nutricional das videiras. Neste caso, vale sempre procurar auxílio de profissionais especializados, assim como para a irrigação.

Irrigação
Toda a produção de uva no Vale do São Francisco precisa ser irrigada, pois o regime de chuvas é irregular, com grande intervalo entre sua ocorrência. Depois da utilização de vários sistemas, as técnicas foram aperfeiçoadas e a irrigação por gotejamento é atualmente a mais utilizada no Semiárido, com 95% de eficiência, afirma Ferreira. O produtor precisa buscar uma empresa especializada para elaborar um projeto de irrigação de acordo com a demanda da produção.
E de nada adianta ter uma boa produção se o agricultor enfrentar dificuldades para comercializar seu produto. Então, outra dica para quem quer começar a produzir uva de mesa é buscar se associar a um grupo, cooperativa ou trading para que possa assegurar sua entrada em mercados mais exigentes que o remunerem melhor. Isso é possível com aumento de volume e mix de variedades disponibilizadas por vários produtores em uma associação para garantir acesso a determinados mercados.
Outra demanda é que a produção da fruta atenda a um mercado consumidor cada vez mais exigente. Este consumidor quer um produto sustentável, com menos defensivos, mais capital humano e menos agressão ao meio ambiente, enfatiza Ferreira.