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Soja volta a atingir patamares recordes na Bolsa de Chicago

Os preços da soja voltaram a bater recordes na Bolsa de Chicago. Com a colheita na América do Sul praticamente finalizada, a influência nesta época do ano vem das expectativas em relação a safra dos Estados Unidos. E foram notícias sobre uma onda de frio e geada por lá que elevaram as cotações para patamares próximos a US$ 16/bushel no final de abril, o maior valor dos últimos oito anos. O principal motivo é a preocupação com o clima no hemisfério norte que pode trazer perdas na produção norte-americana em relação ao projetado pelo mercado, além de um balanço de oferta e demanda apertado mundialmente.
Na última quarta-feira, 12 de maio, o contrato com vencimento em julho/21, o mais negociado, fechou em US$ 16,42/bushel. Desta vez, a principal influência foi o relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Os números não trouxeram surpresas em relação à produção de soja pelo mundo, mas confirmaram leve aumento nos estoques de passagem. "Ainda assim, os volumes dos inventários ainda deverão permanecer bastante baixos sob uma perspectiva histórica, no caso da soja. Isso sugere que apesar de haver algum espaço para os preços devolverem parte das altas recentes, a nossa expectativa é que os valores seguirão firmes o suficiente para conter aumentos adicionais de demanda", disse Guilherme Belotti, gerente de consultoria Agro do Itaú BBA, após a divulgação do relatório.
Apesar de concordar com o bom momento da soja, o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, acredita em leve queda nos próximos meses, mas somente no curto prazo, já que os contratos futuros vêm demonstrando isso. "No início de maio, o contrato com vencimento em novembro/21 apontava US$ 13.81/bushel, por isso estamos atentos”, diz. Ele alerta, no entanto, que o mercado está muito "nervoso”, reagindo de forma até exagerada a qualquer notícia que envolva o clima nos Estados Unidos. “Tudo vai depender desta condição climática, se houver uma safra cheia nos EUA, é mais difícil manter tantos recordes", pondera.
A Brandalizze Consulting concorda que os preços tendem a se acomodar um pouco abaixo do que estão hoje, já que houve um aumento de 1,8 milhão de hectares na área plantada nos Estados Unidos. Se o clima for favorável, a expectativa é de uma produção de 125 milhões de toneladas. “Neste caso, poderemos ver cotações próximas de US$ 12/bushel", afirma Vlamir Brandalizze. De qualquer forma, o analista ressalta que estes patamares ainda serão 50% melhores se comparados a safra anterior, o que vem garantindo boa rentabilidade ao produtor brasileiro.
O relatório mensal do Itaú BBA também admite a possibilidade de queda em relação aos patamares atuais, em função do aumento na área plantada nos EUA. De qualquer forma, reitera uma série de fatores que seguem favorecendo a valorização da soja. Os analistas projetam, por exemplo, uma demanda crescente pelo óleo de soja para fazer biodiesel, com a retomada econômica em diversos países o que, indiretamente, muitas vezes beneficia o preço da soja em grão.