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Soja: confira como fazer o manejo adequado do solo

Nestes meses que antecedem o plantio da soja, os produtores devem ficar atentos ao manejo do solo para que as lavouras quando cultivadas atinjam seu máximo potencial de produção, sem que para isso se precise aumentar muito os investimentos em insumos. Confira as principais dicas dos especialistas para garantir melhor manejo de solo neste período crucial para a cultura da soja.


No caso da nutrição, o segredo está em utilizar uma quantidade suficiente, fazer uma boa gestão do manejo e não apenas reduzir o uso de adubos sem um planejamento e uma análise adequada. Esta ação torna-se extremamente necessária em tempos de custos mais altos.
Um dos passos fundamentais neste momento é a correção química do solo. O manejo corretivo de cálcio e magnésio precisa ser feito três meses antes do plantio da soja. Isso vai permitir a atuação de microrganismos benéficos do solo para o futuro desenvolvimento da soja, explica Alécio Fernando Schulz Radons, engenheiro agrônomo e suporte técnico da Satis.


Mas antes da correção do solo, é extremamente importante que o produtor faça uma boa análise do solo e recorra ao auxílio de profissionais especializados, que vão ajudar na definição das doses necessárias de nutrientes que o solo precisa. A análise deve ser feita uma vez por ano, de preferência após a colheita. Isso para ele ter tempo hábil para planejar e fazer todas as aplicações necessárias de adubos e correções do solo para a cultura da soja. Somente a análise do solo vai permitir o correto direcionamento do manejo. Além disso, uma correta aplicação, sem excessos, vai resultar em menos custos desnecessários, permitindo que a cultura atinja seu máximo potencial de produção, com ganhos não apenas em produtividade, mas também na renda do produtor.

Dicas para a correção do solo

Quando se tem baixa disponibilidade de cálcio ou PH baixo no solo, o que indica acidez, é necessária a aplicação de calcário, que leva 90 dias para ficar disponível no solo. Baixo PH no solo afeta a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Desta forma, se o produtor deixar para a última hora a correção do solo, a aplicação de óxido de cálcio é uma alternativa. Porém, o óxido de cálcio não consegue eliminar o alumínio, que é tóxico às plantas. Ao mesmo tempo, se aplicar óxido de cálcio e depois for adicionar fósforo, este vai se ligar ao alumínio, fazendo que com a absorção do fósforo fique baixa, em torno de 20%, diz Aécio Radons. Ele lembra, entretanto, que a correção do solo precisa ocorrer em um período em que o solo esteja úmido.


Apesar da recomendação de se fazer a análise de solo após a colheita, ainda é possível fazê-la em julho e agosto, diz o agrônomo, citando os períodos de plantio e colheita no Rio Grande do Sul, que diferem do Centro-Oeste e de outras regiões do país.
A aplicação de fósforo, potássio e enxofre pode ser feita até 30 dias antes do plantio, mas também é necessário que o solo esteja úmido. Já o boro tem uma flexibilidade maior de aplicação, podendo 50% da dose necessária ser aplicada no pré-plantio e 50% divididos em dois ciclos de aplicação durante a produção da soja. Esta recomendação também vale para outros micronutrientes, afirma o agrônomo. Então, o planejamento das aplicações também precisa ser feito junto com condições de clima mais favoráveis, neste caso, de umidade no solo. Por isso, os cronogramas para a aplicação dos nutrientes são mais fáceis de serem seguidos na região Sul do que no Brasil Central, onde normalmente o período de entressafra apresenta um clima mais seco se comparado ao Sul.

Manejo de cobertura do solo

Além dos cuidados fundamentais para garantir uma nutrição adequada à cultura da soja, os produtores precisam investir na cobertura vegetal e no manejo de ervas daninhas no inverno para começar a safra de soja com o pé direito.
O manejo de inverno que ocorre na entressafra varia conforme a região do Brasil. No Sul, por exemplo, é feito o manejo com o cultivo de gramíneas como a aveia, trigo, centeio, ou leguminosas como a ervilhaca, ou a oleaginosa canola (gênero Brassica). No Rio Grande do Sul, os sojicultores normalmente fazem o plantio de trigo, aveia ou canola como safra de inverno.


Este manejo de inverno melhora a qualidade química e física do solo e parte do adubo utilizado nos cultivos de inverno fica disponível para a cultura de verão, neste caso, a soja. A palhada aumenta a matéria orgânica do solo, consegue conservar a umidade do solo ao diminuir a sua temperatura. Este sistema também possibilita o manejo de ervas daninhas, como a buva, manejo complexo de se fazer durante a safra de verão.


Especialistas também recomendam o chamado mix de cobertura do solo feito com a mistura de espécies gramíneas e leguminosas, entre outras, em diferentes percentuais, na entressafra da soja.
O mix de cobertura funciona como um manejo biológico, beneficiando grupos de microrganismos do solo que vão auxiliar a soja, evitando o aparecimento de fungos que atacam a cultura, como o fusarium e a antracnose. Entretanto, o produtor deve ficar atento ao cultivo de determinadas espécies de acordo com seu ciclo. A produção de azevém, uma gramínea de ciclo longo, por exemplo, pode se estender até dezembro, atrapalhando a entrada das plantadeiras no solo para a semeadura da soja e fazendo com que a semente não nasça, explica o agrônomo.


Especialistas também vêm recomendando fazer a cobertura do solo logo após a colheita, evitando deixar algumas áreas de pousio, em que ficavam sem cultivo por determinado período. No caso do Rio Grande do Sul, as chuvas no período em que alguns produtores estabeleciam áreas de pousio no pós-colheita antes do plantio de culturas de inverno, podem contribuir para a perda de adubo do solo se não houver cobertura do solo. Portanto, tendo o solo coberto a maior parte do tempo contribui para evitar a erosão e a compactação do solo e também favorecer a formação de palhada, o que traz menos problemas com plantas invasoras.