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Safra de soja 2021/2022 está sendo colhida em meio a incertezas

Logo depois do Natal, diversos produtores de Mato Grosso colocaram as colheitadeiras para trabalhar, embora a colheita só comece a ganhar ritmo mais intenso a partir de 15 de janeiro. No maior estado produtor do Brasil os relatos são de uma produtividade dentro da média, mas o excesso de chuva em algumas áreas é motivo de preocupação. Este problema, aliado à seca que atingiu a região Sul do Brasil já levam analistas a prever que a safra de soja 2021/2022 possa não apenas deixar de ser recorde, mas até ficar abaixo do total colhido na temporada anterior.

Entre as regiões que começam cedo a colheita em Mato Grosso, ainda que de forma pontual, estão Sorriso, Lucas do Rio Verde, Campo Novo dos Parecis, entre outras.
Em Lucas do Rio Verde, por exemplo, nos últimos dias de 2021 muitas lavouras estavam apresentando apodrecimento dos grãos ainda dentro das vagens e acamamento das plantas devido ao excesso de chuvas e à falta de luminosidade entre novembro e dezembro, relatou o presidente do sindicato rural, Antônio Isaac Fraga Lira. A expectativa é de que a média de produtividade no município fique abaixo do projetado inicialmente, que era de 62 sacas por hectare (sc/ha).

A consultoria Pátria Agronegócios calcula que até o dia 7 de janeiro apenas 0,2% da área de soja tenha sido colhida no país, já que em Mato Grosso o excesso de chuvas também atrapalha o avanço da colheita. No estado, este percentual estava em 0,60%, enquanto a média histórica é de 0,75% já colhido nesta época do ano. Apesar de avançar lentamente, o calendário ainda segue melhor do que o registrado na safra 2020/2021, quando o plantio da soja atrasou e neste período a colheita nem tinha começado. Por este motivo, as previsões seguem otimistas para que o milho segunda safra desta vez seja plantado dentro da janela ideal.

Se em Mato Grosso a produtividade das lavouras ainda é uma incógnita, nos estados do sul do Brasil já foi possível constatar perdas significativas. "O potencial inicial da soja era de uma safra recorde de até 150 milhões de toneladas, mas agora estamos projetando um volume de 135 milhões de toneladas”, afirma o analista de mercado Vlamir Brandalizze. A perda ocorre principalmente pela falta de chuva no Paraná, onde houve relatos de áreas pontuais que colheram 8 sc/ha, de tão castigadas pelo clima quente e seco. O chefe do Departamento de Economia Rural (Deral-PR), Salatiel Turra, disse que um levantamento emergencial feito nos últimos dias do ano indicou que a safra paranaense de soja pode ficar em 13 milhões de toneladas, sendo que a previsão inicial era 21 milhões de toneladas.

Já no Rio Grande do Sul o cenário é de incerteza sobre os efeitos do clima na safra de soja, que costuma ser mais resiliente aos longos períodos sem chuva se comparada ao milho, que sofre mais. “Algumas áreas nem chegaram a ser plantadas devido à falta de bons volumes de chuva, temos que lembrar que o estado planta mais tarde e colhe somente em abril, por isso é muito prematuro fazer estimativas sobre o tamanho da quebra na produção de soja gaúcha”, afirmou o economista da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz. O comportamento do clima e do regime de chuvas nos próximos meses é que vai indicar como será a produtividade das lavouras. Além de Paraná e Rio Grande do Sul, também registram perdas na soja em função do clima seco, áreas de Santa Catarina e de Mato Grosso do Sul.

"É possível que tenhamos ainda uma boa produtividade na soja do Centro-Oeste, o que compensaria em até 30% as perdas no Sul, mas não acreditamos em uma recuperação total, é fato que dificilmente teremos uma safra recorde como se esperava lá no início”, acrescentou Brandalizze.