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Preços do feijão sobem com pouca oferta e demanda aquecida

Os preços do feijão vêm registrando alta devido aos problemas climáticos que afetaram a primeira safra e a boa demanda pelo produto. A perspectiva é que a tendência de alta nos preços do feijão se mantenha nos próximos dois meses, até a colheita da segunda safra. Mas atenção: para se beneficiar com esta valorização o produtor precisa comercializar a safra com planejamento.
Garantir um preço médio para a produção ao fazer vendas fracionadas é a melhor estratégia para o produtor de feijão, aconselha o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Lüders. O produtor não deve deixar para vender toda a sua safra quando acredita que os preços do feijão atingiram determinado patamar. Fracionando a venda e buscando um preço médio, ele consegue obter melhores resultados, diz ele.
O produtor também pode se beneficiar com a exportação de feijão de tipos diferentes. Desta forma, pode fechar contrato com um exportador antes mesmo do plantio da safra, aproveitando uma “janela de oportunidade” e garantindo uma boa remuneração, um ganho cambial com a venda externa.
As exportações brasileiras de feijão vêm crescendo. Em 2021, foi embarcado um volume recorde de 224 mil toneladas, contra 177 mil toneladas no ano anterior, o que representa um aumento de 26,5%, segundo dados do Ibrafe. Entre os principais mercados para o feijão brasileiro, estão China, Índia, Paquistão, Tailândia, Estados Unidos e Portugal.
No mercado interno, no intervalo de uma semana, em fevereiro, por exemplo, os preços subiram de R$ 270 para R$ 300 a saca do feijão tipo 8 a 8,5. Isso porque a oferta começa a ser reduzida, já que o pico da colheita da primeira safra ocorre entre janeiro e fevereiro. A estiagem na região Sul e o excesso de chuvas em Minas Gerais reduziram o volume da primeira safra. A expectativa era atingir 1,05 milhão de toneladas, mas a produção deve ficar em 930 mil toneladas, afirma Lüders. O feijão do tipo carioca, o mais consumido no país, foi o que mais registrou perdas pelas intempéries climáticas.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no levantamento de fevereiro da safra de grãos 2021/2022, projetou em 935,5 mil toneladas a produção de feijão na primeira safra, com redução de área plantada e de produtividade. Entretanto, a expectativa é que as próximas duas safras apresentem recuperação. As três safras juntas devem totalizar 3 milhões de toneladas.
A demanda pelo produto também está firme, pois o feijão não tem substituto e passou a ser mais procurado por ser a proteína mais barata. A maior procura é justificada pelas dificuldades da economia brasileira nos últimos anos, agravados com a pandemia, explica Lüders.
A tendência é de preços mais altos em março e abril no mercado interno, já que a colheita da segunda safra começa entre o fim de abril e o mês de maio. E os preços do feijão devem continuar firmes, apesar da perspectiva de aumento de produção da segunda safra, na avaliação do presidente do Ibrafe. Este crescimento é estimulado pelo aumento de área plantada no Paraná e Minas Gerais por causa das cotações mais altas do feijão. E a demanda também deve se manter firme diante da perda de poder aquisitivo dos brasileiros.
Se não houver influência negativa do fenômeno climático La Niña, a segunda safra de feijão deve totalizar em torno de 1,250 milhão de toneladas, comparada com 1,120 milhão de toneladas na segunda temporada de 2021.