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Pesquisador relata detalhes do estudo com Fulland

Engenheiro agrônomo Jefferson Vasconcelos O. de Lima, doutor em Tecnologia de Aplicação, destaca algumas informações da Tese defendida em junho de 2024. Com o estudo, foi possível mensurar a translocação de alguns fungicidas pulverizados na parte superior das plantas (simulando efeito guarda-chuva) para partes protegidas das aplicações. Este tema é ainda pouco pesquisado, e os resultados sinalizaram algumas respostas para as observações no manejo fitossanitário a campo.

Entrevistado: Engenheiro agrônomo Jefferson Vasconcelos O. de Lima, doutor em Tecnologia de Aplicação

1. Qual a importância do resultado deste estudo para o agronegócio, especialmente a soja?

Sendo a principal enfermidade da cultura da soja, o manejo da ferrugem asiática da soja representa o cenário desafiador. A rotação ineficiente de grupos químicos dos fungicidas convencionais, bem como as aplicações tardias em estágios avançados da doença têm sido perseverantes em condições de campo. Possivelmente estes sejam alguns dos fatores que favoreceram o surgimento de populações resistentes e ou tolerantes do Phakopsora pachyrhizi a alguns triazois, reduzindo sua eficácia. Os resultados obtidos com nossos estudos indicam que o Fulland pode ser uma das ferramentas que auxiliem na performance e longevidade destes ativos. A combinação do Fulland com três importantes produtos possibilitou interações positivas no manejo da doença por duas safras consecutivas, com destaque para uma melhor sanidade do baixeiro e menor índice de desfolha das plantas.

2. Por que a escolha de fazer o estudo com o Fulland?

O Representante Técnico de Vendas da Satis, Eng. Agr. Breno Pelazza, apresentou-me este produto há cerca de oito anos, como uma alternativa no manejo de doenças de solo na cultura do feijoeiro (cliente Jaime Battaglini em Araguari-MG). Inicialmente ficamos desconfiados, contudo, a performance do produto foi muito boa. Posteriormente, tive a informação que o Fulland tinha características parecidas com o Fosetyl-Al, produto o qual eu já tinha trabalhado em Cristalina-GO e DF (culturas de batata e tomate). Tomamos conhecimento também de resultados consistentes do Fulland no manejo de doenças em soja e milho. Ao ingressar no D.Sc, meu Orientador (Prof. Dr. João Paulo Cunha), apresentou alguns trabalhos sobre a translocação de fungicidas em soja, desenvolvidos pelo saudoso e importantíssimo pesquisador Dr. José Tadashi Yorinori (Embrapa Soja). Humildemente (e talvez até de forma pretensiosa), propus ao meu orientador tentar replicar estes trabalhos, testando o Fulland como combinação. Fizemos uma reunião na fábrica da Satis em Araxá em abril de 2021 e definimos a metodologia de trabalho e linhas de pesquisas, que se seguiram por três anos, até a defesa da Tese do D.Sc em 27/06/2024.

Qual a principal implicação deste estudo?

A translocação de fungicidas de partes pulverizadas para partes protegidas das pulverizações (simulando efeito guarda-chuva nas plantas) é algo ainda pouco estudado, com baixo acervo de informações disponíveis. A detecção e quantificação de ingredientes ativos fungicidas por análises de cromatografia líquida de alta performance indicaram diferenças entre estes dois conjuntos de dados, sendo possível afirmar que o Fulland melhorou a translocação dos triazois e estrobilurinas testadas. Foram feitos dois experimentos consecutivamente, onde o Fulland, associado a alguns fungicidas, diferenciou-se estatisticamente dos tratamentos sem Fulland (análise conjunta dos dois experimentos). Assim sendo, há a possibilidade de uma melhor eficácia dos fungicidas, minimizando problemas como o efeito guarda-chuva das pulverizações, causado pelo alto índice de área foliar das plantas e alta densidade de plantas encontradas na cultura da soja.

Podemos afirmar que o resultado obtido eleva o manejo fitossanitário para outro patamar?

Nossos estudos preconizam que o Fulland pode ser um dos parceiros ideais para os fungicidas usados em combinação, visando o manejo da ferrugem asiática da soja. As observações empíricas de campo agora parecem ter uma melhor explicação. Sugerimos a continuidade de estudos e pesquisas com outras culturas e patógenos, de modo a validarmos mais observações de campo, como, por exemplo, o manejo de doenças nas culturas de milho, manejo de doenças de solo do cafeeiro, entre outras.