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Novos patamares de produtividade da soja demandam mais nutrientes

Christofer Andre Garanhani, sócio-proprietário da Agroperfomance Consultoria, com sede em Paragominas (PA), analisa os impactos do clima e dá algumas dicas aos produtores

- Nas regiões onde o plantio começa na segunda quinzena de setembro – como AC, AM, BA GO, MS e partes de PA e do PR - qual a expectativa de clima? Há preocupação com o La Niña?
A preocupação climática é sempre um fator preponderante, além de representar 50% do fator de sucesso nas culturas. Normalmente associamos o fenômeno do La Niña com um volume de chuvas mais regular e acima da média na parte Norte e bem irregular a partir do Centro-Sul, com grandes diferenças negativas em relação à média histórica. Pelo histórico de dados podemos observar que isso também interfere nas datas de início de plantio onde, via de regra, temos precipitações em períodos mais precoces nas regiões do Norte. Importante dizer que nas regiões de Acre e Amazonas, diferentemente das demais, embora os plantios sejam liberados normalmente, o plantio da oleaginosa é feito mais tarde para escapar das épocas de chuvas mais intensas na colheita.

- O que é mais importante para o enchimento dos grãos?
Do ponto de vista de fertilidade e pensando em macro nutrientes, na fase final do desenvolvimento da cultura, dois nutrientes principais são mediadores do pleno enchimento de grãos, sendo essenciais para atingir altas produtividades: magnésio e potássio. Para os micros, temos visto muitas pesquisas, inclusive próprias, analisando o papel do Ferro, Molibdênio e Níquel com respostas muito interessantes quando aplicados na fase final junto à última aplicação de fungicidas. As grandes questões nesse momento para a soja estão ligadas aos novos patamares de produtividade que estamos atingindo, o que obviamente implica em uma demanda cada vez maior de nutrientes. E essa suplementação precisa estar associada a fontes que possam disponibilizar de forma bastante flexível e rápida para as plantas.

- As semeaduras dessa época costumam ter maior porte e produtividade?
Sim. Normalmente plantios mais cedo tendem a ter maior luminosidade e, com isso, melhor desenvolvimento vegetativo, porte, colmo e menor pressão de doenças, afetando positivamente os componentes de produção. Temos observado nos experimentos de desenvolvimento de cultivares que a diferença entre os plantios mais cedo em relação aos tardios de acordo com os materiais genéticos podem ter diferenças acima de dois dígitos na produtividade final em termos de sacas por hectare.

- Qual a recomendação para os produtores que iniciam o plantio nesse período?
Os plantios mais precoces costumam ser mais arriscados, pois ainda não têm umidade ideal, possuem riscos de veranicos e altas temperaturas, além da ocorrência de eventuais chuvas mais pesadas provocando problemas na implantação de um stand recomendado. A orientação sempre está ligada a iniciar os plantios nas melhores áreas, preferência com cobertura, em função do maior potencial e também de melhor resposta a estes riscos e ter muito cuidado na plantabilidade para que haja boa uniformidade e stand, usando sempre os critérios de qualidade de plantio. Além disso, normalmente trabalhamos com um sistema de tratamento de sementes mais reforçado no início a fim de dar maior proteção e um bom arranque inicial. O uso de bioestimulantes é uma ferramenta importante.

- A expectativa é de aumento de área para próxima safra de soja?
A expectativa é de um aumento leve nas áreas do Norte, mas de estabilidade para os demais estados do Centro-Sul. As margens estão bem mais baixas que os anos anteriores, oferta superando a demanda. Embora os custos tenham baixado, com exceção dos fertilizantes fosfatados, o endividamento do setor ainda tem números muito preocupantes em função de todo o investimento anterior. Com isso, o ritmo de ocupação de pastagens ou novas aberturas teve sua velocidade bem reduzida em relação aos últimos anos.

- Em quais regiões esse aumento deve ser maior?
Nas regiões do Norte onde necessariamente existem novas aberturas e onde a ocupação de pastagens continua sendo uma tendência cada vez maior para diversificar a produção pecuária.