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Mofo branco no feijão: saiba como combater este inimigo

Produtores e pesquisadores não tem dúvida: o mofo branco é a doença com maior poder destrutivo quando se pensa no cultivo do feijão. A doença é causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, capaz de sobreviver em mais 400 espécies de plantas, não apenas nas culturas comerciais, mas até nas plantas daninhas.
"O fungo produz uma estrutura de resistência, tanto na parte interna da planta, quanto na parte externa", explica uma das principais especialistas no assunto, a pesquisadora do IAC, ligado a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Dra. Margarida Fumiko Ito. Ela explica que, principalmente durante a colheita, estas estruturas caem no solo, sendo capazes de sobreviver na terra, mesmo em condições de stress, por muitos anos.
As culturas ficam mais suscetíveis durante o outono e o inverno. Favorecem a reprodução do fungo o clima mais chuvoso e as baixas temperaturas. Nas lavouras de feijão irrigado o cuidado precisa ser redobrado já que a umidade e o período de desenvolvimento da safra são propícios para a proliferação do fungo. Mas como podemos combater este problema?
A primeira dica da Dra. Margarida Ito é a escolha de sementes certificadas, a medida que o fungo causador do mofo branco pode estar presente já nas sementes. Em segundo lugar, ela recomenda que seja feito o tratamento das sementes, desta forma já haverá uma proteção adicional contra o mofo branco. "A contaminação pode ocorrer já no começo da germinação, mas a fase em que mais ocorre o inicio da doença é quando a planta se fecha, durante o florescimento, forma-se um microclima bom para o desenvolvimento do mofo branco e as pétalas também fornecem alimentos para este fungo", acrescenta Ito.
Outra recomendação é fazer o controle químico preventivo. Margarida Ito diz que uma planta com sintomas avançados de mofo branco tem sua produtividade afetada, por isso a prevenção é o melhor caminho, já que é muito difícil agir depois que o problema já foi constatado. Ela reforça ainda a importância do manejo integrado e da rotação de culturas com gramíneas, já que estas espécies não são hospedeiras do fungo.
A pesquisadora do Instituto Agronômico destaca que a escolha da cultivar também é um passo importante, já que aquelas com porte mais ereto tendem a garantir maior proteção. Outro cuidado fundamental é aumentar o espaçamento entre plantas, principalmente no feijão irrigado. A adoção do plantio direto também vem garantindo bons resultados no controle do mofo branco, a medida que propicia o aumento dos microorganismos biocontroladores. "E a palhada forma uma barreira física, o fungo não consegue se reproduzir para atingir a planta", diz. No caso do feijão irrigado, as condições do solo são fundamentais, uma área com muita compactação tende a favorecer a doença.
Margarida Ito ressalta ainda a importância da nutrição vegetal. "Plantas são como o ser humano ou os animais. quem se alimenta bem, se defende melhor das doenças", enfatiza. Para atingir este objetivo, vale investir em análise do solo, na calagem, no uso de fertilizantes adequados e, por outro lado, não cometer excessos no caso dos adubos nitrogenados.
Uma solução mais recente para combater o mofo branco tem sido o controle biológico. Margarida Ito diz que o uso de espécies de Trichoderma spp, por exemplo, vem apresentando bons resultados.