Milho safrinha: clima seco no Centro-Oeste reduz produtividade
milho
A expectativa para a produção de milho na segunda safra segue otimista, mas a falta de chuva em áreas da região Centro-Oeste do Brasil e em parte de Minas Gerais pode afetar a produtividade. Produtores rurais relatam até 30 dias sem chuva a partir do mês de abril e agora ficam de olho na previsão do tempo para saber se ainda há chance de recuperar o rendimento do milho.
Em Mato Grosso uma parte das lavouras de milho foram plantadas fora da janela ideal já que houve excesso de chuva na colheita da soja. Em algumas destas áreas os longos períodos sem chuva têm sido mais prejudiciais à produtividade das lavouras. Em Diamantino, por exemplo, agricultores relatam perdas de 50% na produção. Outro fator que preocupa é o aumento na ocorrência da cigarrinha, que vem causando grandes danos aos produtores de milho.
Na metade sul do estado também há áreas com que não receberam chuva ou onde os volumes foram muito baixos, insuficientes para garantir o adequado desenvolvimento dos milharais. Com isso, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), reduziu para 39,34 milhões de toneladas a estimativa para a produção de milho, que até o início de abril era projetada em 40,4 milhões de toneladas.
“Nós até temos previsão de chuva para o mês de maio, mas acredito que será insuficiente para muitas áreas produtoras, como o leste de Mato Grosso~, admitiu o meteorologista da Climatempo, Celso Oliveira. Ele afirma que o déficit hídrico também afeta diversas áreas de Goiás e Minas Gerais. Um dos motivos para a irregularidade nas chuvas é a influência do fenômeno La Niña, que deverá se estender até o início de 2023.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO) prevê perdas de pelo menos 1 milhão de toneladas nesta segunda safra. “Antes esperávamos 10 milhões de toneladas, mas com a falta de chuva em diversas regiões, este número não será mais alcançado”, afirmou o presidente da entidade, Joel Ragagnin. Ele afirma que a maioria das lavouras está na fase de enchimento de grãos e que, caso a chuva volte para o estado, pelo menos parte das perdas poderiam ser amenizadas.
Em Minas Gerais a situação não é diferente, com chuvas mal distribuídas em diversas regiões importantes para o milho safrinha. Em Capinópolis, produtores relatam que a produtividade pode cair pela metade em algumas lavouras.
A expectativa inicial era que o Brasil produzisse cerca de 90 milhões de toneladas de milho safrinha, mas o clima adverso no Centro-Oeste poderá reduzir para menos de 85 milhões de toneladas este volume, de acordo com consultorias privadas. Ainda assim, a produção poderá ser recorde e deve ficar bem acima da safra 2020/2021, quando uma seca severa e geada intensa arrasaram a produção do Paraná e de parte de Mato Grosso do Sul. Desta vez, os produtores paranaenses contaram com clima favorável na maioria das regiões e devem ajudar a garantir uma produção maior de milho na safra 2021/2022.