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Milho ou algodão na segunda safra? Eis a questão (e as respostas)

A forte queda nos preços do milho até agosto causou preocupação entre os agricultores e está deixando dúvidas se vale a pena investir na cultura como segunda safra em 2024 – mesmo com a leve recuperação neste mês de outubro.

Por outro lado, o algodão foi uma das commodities menos afetada pelos preços mais baixos nos últimos meses, seguindo com altas rentabilidades e despertando a vontade naqueles produtores que já estão preparados para investir na pluma.
Mas será que o clima e o mercado internacional vão ajudar estas duas culturas no próximo ano? A Satis foi buscar as respostas com especialistas e traz algumas dicas para você.
O que podemos adiantar é que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a segunda safra de milho no Brasil vai ter uma área plantada 4,5% menor que a temporada anterior. Enquanto isso, o algodão vai avançar 2,9%, chegando a 1,7 milhão de hectares. Com isso, espera-se uma produção total de milho no Brasil – incluindo as três safras – de 119,4 milhões de toneladas, abaixo do ano anterior. E no algodão, como a expectativa é de produtividade mais baixa, a produção deve ficar quase estável, em 3 milhões de toneladas.

Clima

A safra 2023/2024 está sob a influência do El Niño. Isso quer dizer que, se o fenômeno seguir os padrões tradicionais, o verão é chuvoso na metade Sul do Brasil e tende a ser mais seco nas áreas mais ao Norte, como na região conhecida como Matopiba.
Nós consultamos a agrometeorologista da Rural Clima, Ludmila Camparotto, sobre o tema. O principal alerta foi: este não é um El Niño "clássico”. Por isso, as chuvas têm sido tão irregulares nas diferentes regiões. Sobre a segunda safra, que será plantada somente a partir de janeiro no Centro-Oeste, a especialista disse que "tem observado uma melhora nas condições de chuva para abril", já que o El Niño deve perder intensidade no outono. Isso quer dizer que as chances de um “corte” nas chuvas em períodos cruciais para as culturas de segunda safra, seja milho ou algodão, são menores. Porém, os meteorologistas dizem que ainda é prematuro fazer previsões para o clima neste período mais distante.

Mercado

No que se refere a preços, o analista da MD Commodities, Ismael Menezes, prevê maior probabilidade de preços mais baixos para o milho na Bolsa de Chicago em 2024 "já que as exportações dos Estados Unidos vêm caindo bastante". Por outro lado, como os embarques de milho brasileiro para o exterior estão batendo recorde – devem alcançar este ano quase 57 milhões de toneladas, segundo a consultoria – os preços do milho ao produtor no mercado físico pelo interior do Brasil podem ser melhores em função de uma “correção" por meio dos prêmios, algo que no passado só se via para a soja.
Menezes alertou também para o atraso na compra de fertilizantes para a segunda safra de milho, que pode afetar a produtividade das lavouras, caso o produtor opte, novamente, por investir menos em tecnologia.
Já o algodão, que tem custos mais altos e rentabilidades melhores, em períodos mais recentes, também não está livre da incerteza. O analista da MD lembra que a demanda por algodão é muito afetada pelo desempenho da economia global, que dá sinais de enfraquecimento. Porém, o conflito em Israel traz preocupações ao mercado de petróleo, que costuma “sustentar” os preços da pluma, um fator que pode – não é certo – ajudar a manter o algodão em bons níveis.
O importante é que o produtor faça a conta, no detalhe, de seu custo de produção e dos preços mais prováveis de acordo com análises realistas. Sempre que possível, “travando patamares de custo e rentabilidade em níveis aceitáveis, pelo menos uma parte, para não ter surpresas depois”.