Mercado do milho tem cenário positivo para os próximos meses

Mercado do milho
Apesar dos problemas climáticos que afetaram regiões produtoras da segunda safra de milho, as perspectivas para os preços e para as exportações do cereal seguem otimistas e podem ajudar a minimizar as perdas de rentabilidade que vêm sendo registradas devido à alta nos custos.
O Brasil plantou a maior área de milho da história na safra 2021/2022, de acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Foram cultivados 21,7 milhões de hectares, se consideradas a primeira, segunda e terceira safras, um aumento de 8,6% em relação ao ciclo 2020/2021.
A produção, no entanto, deve ficar abaixo das estimativas iniciais. Consultores chegavam a prever quase 120 milhões de toneladas para a atual safra, mas os problemas climáticos no verão e no inverno comprometeram a produtividade em diferentes regiões. Na primeira a safra o problema foi seca, especialmente no Rio Grande do Sul. Já na segunda safra faltou chuva em parte de Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás. Além disso, a presença da cigarrinha do milho está cada vez mais frequente, o que provocou cortes de mais de 500.000 toneladas nas previsões para a safra de milho no estado do Paraná, segundo maior produtor. Neste cenário, a Conab prevê que a safra total fique em 115,6 milhões de toneladas, mas novos cortes não estão descartados.
“Nós acreditamos que a produção ficará abaixo disso, a falta de chuva em áreas cruciais que ainda serão colhidas está comprometendo a produtividade e o problema do enfezamento do milho também preocupa”, explica o analista da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira. A consultoria prevê a safra total de milho em 108 milhões de toneladas e a safrinha em apenas 83 milhões de toneladas, enquanto a Conab ainda estima a segunda safra em mais de 88 milhões de toneladas.
Na primeira quinzena de julho os preços do milho caíram tanto no mercado internacional, quanto no mercado doméstico brasileiro. Mas a previsão é de preços firmes ou até mais altos nos próximos meses à medida que o clima nos Estados Unidos pode não ser tão favorável na safra deste ano. Para o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari, até setembro, no entanto, existe a pressão baixista da maior oferta de milho, com a conclusão da colheita no Brasil. Ele não acredita em altas expressivas até o final do ano, a não ser que haja um problema muito grave na safra norte-americana, que começa a ser colhida em setembro.
Outro fator que influi positivamente os preços é a demanda internacional pelo milho. A Ucrânia sempre esteve entre os maiores exportadores mundiais, mas vem enfrentando fortes restrições para escoar a safra, em meio ao conflito com a Rússia. Dessa forma, o Brasil está aumentando significativamente as exportações de milho, que pode chegar a 43 milhões de toneladas em 2022, de acordo com previsão recente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). No ano passado o Brasil exportou menos de 21 milhões de toneladas.
Analistas apostam em crescimento da produção e da exportação nos próximos anos, com chances de o Brasil ultrapassar os Estados Unidos como maior exportador mundial de milho. Um dos fatores que será determinante para isso é o apetite da China em comprar milho brasileiro. O país assinou recentemente um acordo fitossanitário que deve facilitar as compras do cereal do Brasil, principalmente a partir da safra 2022/2023.