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Mercado do feijão: confira qual a tendência de preços para os próximos meses

O mercado do feijão vive um dilema. De um lado consumidores assustados com a alta de preços, de outro produtores pouco estimulados, já que o cultivo do grão não está tão competitivo quando comparado às atuais cotações da soja e do milho. Ainda assim, com o impulso da maior demanda por feijão registrada no ano passado, a safra 2020/2021 deve fechar com aumento na produção. Os dados da Conab indicam que, somando as três safras plantadas no Brasil e incluindo todos os tipos do produto, a colheita deve chegar a 3,28 milhões de toneladas, alta de 2% em relação ao ciclo 2019/2020. Este resultado, porém, é baseado no desempenho da segunda safra, principalmente, que deve acabar compensando a queda de 7,9% na produção da primeira safra de feijão, além de uma expectativa de redução para a terceira safra.
O presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Lüders, explica que no caso do feijão preto houve um aumento do plantio no Paraná, estado que se destaca neste tipo de cultivo e que colhe a segunda safra neste mês de maio. "Os agricultores estavam estimulados pelo preço, a saca estava próxima de R$ 300, mas temos observado uma queda gradual, no final de abril o valor variava entre R$ 230 e R$250 por saca", observa Lüders.
No caso do feijão carioca, o Ibrafe já previa que entre março e abril haveria um período de maior escassez do produto, com poucas áreas sendo colhidas e praticamente sem estoques. O feijão carioca chegou a atingir R$ 310/saca em março, mas os valores também iniciaram um movimento de queda ao longo de abril.
O analista acredita que a tendência seja de estabilidade ou mesmo de queda nos preços do feijão nos próximos meses. "Um dos fatores é a retração na oferta, sem o auxílio emergencial, o consumo não vai repetir o comportamento do ano passado, o que observamos é que há uma espécie de teto, quando o feijão chega a R$300/saca e nas gôndolas se aproxima de R$ 8/kg, o consumidor para de comprar e buscar produtos mais em conta”, revela Marcelo Lüders.
Outro fator baixista é a característica sazonal de maior oferta de feijão no mercado nos meses de junho e julho, em função da colheita da segunda safra, que se intensifica a partir do dia 10 de maio. Já em agosto há uma maior concentração da colheita das áreas irrigadas, segundo o Ibrafe.
A boa notícia é de que o mercado segue apostando na possibilidade de ampliar as exportações. O presidente do Ibrafe diz que o Brasil exportou 177 mil toneladas em 2020 e tem potencial para crescer. Segundo ele, há uma grande demanda por tipos de feijão que não são consumidos no mercado brasileiro, por isso não há preocupação de uma competição nociva ao abastecimento interno. Entre os destaques esta o feijão mungo, que tem ciclo de 65 dias e demanda poucos recursos naturais, além do feijão rajado, o vermelho, entre outros.