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Cigarrinha do milho: manejo eficaz pode conter o avanço da praga

A cigarrinha do milho vem avançando em várias regiões brasileiras, atingindo locais onde não estava presente, como o Sul e o Norte do país. Mas muitos produtores já descobriram a importância de um manejo mais amplo, que pode garantir melhores resultados para reduzir a incidência da cigarrinha e contribuir para maior rentabilidade na cultura do milho. Confira algumas dicas para um manejo mais eficaz contra a cigarrinha do milho e evite os danos que esta praga traz para as lavouras.

A praga (Dalbulus maidis) é responsável pela transmissão de microrganismos denominados Mollicutes, capazes de gerar as doenças conhecidas como “complexo de enfezamentos” nas plantas, que provocam queda significativa na produtividade, podendo comprometer até 100% da produção. Ao atacar a lavoura, a cigarrinha traz este microrganismo que é capaz de sugar a seiva da planta, entupir os vasos condutores, fazendo com que a planta entre em colapso.

Depois de afetar o Centro-Oeste e o Sudeste, a cigarrinha do milho disseminou-se para os estados de Santa Catarina, Paraná, Piauí e Maranhão, diz o especialista Fabrício Andrade, da empresa Agro7, de Patrocínio-MG. Esta safra de inverno do milho, com o plantio já finalizado, apresenta uma das maiores infestações que ele já presenciou.

Ao mesmo tempo, os produtores já estão aprendendo a manejar a cultura para evitar a proliferação da cigarrinha. Andrade recomenda um manejo mais amplo, não apenas focado no inseto adulto, mas também em outras fases de reprodução do inseto, como as ninfas (fase de desenvolvimento pós-embrionário dos insetos) e ovos. A associação de inseticidas neste manejo mais assertivo reduz a incidência da praga no sistema, o que reflete em ganhos de produtividade.

Mesmo com o aumento dos preços dos insumos, os gastos com este manejo pagam o investimento diante das boas cotações do milho e ainda geram um excedente de renda, diz o especialista. Ele recomenda uma aplicação tripla de inseticidas: na fase adulta do inseto, o uso dos chamados inseticidas neonicotinoides dentro da planta e também uma aplicação sobre os ovos da cigarrinha. Para se ter uma ideia da rápida proliferação do inseto nos milharais, ele pode percorrer de 25 a 30 quilômetros por dia, saindo rapidamente de um talhão para outro.

Manejo de controle da cigarrinha e a importância da boa nutrição

O manejo já deve começar com o tratamento das sementes, passando por aplicações em vários estágios de desenvolvimento do milho, como em VE, V2, V4, V6, explica Andrade.

Além dos inseticidas, melhorar a nutrição da planta também é uma estratégia que vem dando certo no controle dos microrganismos fitopatogênicos trazidos pelas cigarrinhas. Neste caso, elementos nutricionais podem ser aplicados em pequenas frações para promover a defesa da planta. O boro, por exemplo, favorece o endurecimento da parede celular da planta, dificultando a ação dos Mollicutes. Já o magnésio ajuda no transporte dos açúcares dentro da planta. Compostos, como o ácido salicílico, ajudam a deixar a planta mais resistente ao ataque dos patógenos ao melhorar a nutrição. Alguns compostos e aminoácidos podem afetar a atividade microbiana do solo por meio da produção de uma comunidade microbiana benéfica e da mineralização de nutrientes na solução do solo. Desta forma, se aumenta a mobilidade dos micronutrientes para a planta.

Lavouras bem nutridas estão sempre mais bem protegidas a ataques de diferentes tipos de pragas.

A cigarrinha também pode ter seu manejo pelo controle biológico com a utilização de dois fungos: o Beauveria bassiana e o Metarhizium anisopliae. Este manejo com produtos que contenham estes fungos é capaz de controlar em 85% a presença do inseto nos milharais, de acordo com material já disponibilizado neste blog.