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Batata em alta: multinacional confirma para novembro início das operações no Brasil

A empresa líder mundial no mercado de batata-frita congelada vai inaugurar em novembro deste ano sua primeira fábrica no Brasil. A canadense McCain escolheu o município de Araxá, em Minas Gerais, para instalar a unidade. A empresa já assinou contratos com 30 produtores rurais da região do triângulo mineiro e também do Paraná.

"As obras seguiram dentro do prazo planejado, apesar dos desafios que estamos enfrentando com a pandemia”, disse o diretor de agricultura da McCain Foods, Mariano Anzini.

O grupo já está presente no mercado brasileiro há 25 anos, mas utilizava produtos importados. A McCain também detém 49% das ações da marca Forno de Minas e agora pretende expandir as operações comerciais passando a processar a batata na unidade brasileira. O investimento é estimado em US$ 100 milhões e a capacidade de processamento da unidade é de 200 mil toneladas de batata por ano.

O diretor da McCain explica que o modelo de negócio não prevê áreas próprias de cultivo de batata, o foco será a parceria com os produtores rurais. "Já estamos avaliando contratos para 2022”, revela. Para atender a fábrica, Mariano Anzini calcula que serão necessários 5,5 mil hectares de batata. Ele ressalta, no entanto, que o número não representa uma expansão na área de cultivo. “Alguns produtores estão deixando de produzir a batata fresca, de mesa, para fornecer para a indústria, mas há aqueles que decidiram incrementar a área plantada”, diz.

As áreas que vão abastecer a McCain devem ser plantadas entre abril e junho deste ano. A batata que já for colhida em agosto, por exemplo, ficará armazenada em câmaras frias para o processamento mais adiante, até mesmo em 2022.

O presidente da Associação Brasileira da Batata (ABBA), Natalino Shimoyama, diz que a chegada destes investimentos está relacionada ao crescimento no consumo do produto industrializado. “No caso da batata pré-frita, o avanço tem sido entre 10 e 15% ao ano na última década”, revela. Ele lembra que outro importante grupo do setor, a Bem Brasil, vem expandindo a produção. Segundo o presidente da ABBA, a empresa já tinha capacidade para processar 350 mil toneladas, somando duas fábricas, e agora estaria ampliando em mais 180 mil toneladas. Em reportagens recentes, a Bem Brasil, que alcançou liderança no mercado brasileiro, informou que cresceu 8% em 2020 e espera avançar mais dois dígitos em 2021.

Shimoyama pondera, no entanto, que o consumo de batata fresca no Brasil vem caindo, embora tenha se recuperado um pouco durante a pandemia. A área plantada já foi de 150 mil hectares na década de 90 e hoje é estimada em 100 mil hectares, segundo os dados da ABBA. Deste total, 65% da produção ainda vai para o mercado fresco. "Nós acreditamos que uma boa parte dos produtores da região onde ocorrem os novos investimentos realmente podem migrar da batata de mesa para o produto voltado a indústria”, diz o presidente da ABBA. De qualquer forma, ele destaca que o crescimento deste mercado de batata processada é animador e, apesar do arrendamento de terra estar muito caro no Brasil, a expansão ainda pode ocorrer com ganhos de produtividade. Atualmente, o País produz 3,5 milhões de toneladas de batata e a produtividade média está em 35 toneladas por hectare.