Acompanhamento das condições climáticas deve ser reforçado
Não basta apenas usar sementes da melhor qualidade e fazer um manejo adequado. Cada vez mais é importante ficar atento também às previsões climáticas e aos fenômenos atmosféricos que podem afetar a produção da próxima safra de soja. Os indicativos de chegada do La Niña tornam esse acompanhamento ainda mais relevante por causa dos seus impactos. Sócio-diretor da Monitoragora, consultoria especializada no uso de tecnologias inovadoras de agricultura 4.0 para monitoramento das lavouras, Jorge Otávio Junek, que também é engenheiro agrônomo e professor da UniAraxá, informa que os impactos do La Niña tendem a trazer condições mais secas para o Brasil, especialmente para as regiões Centro-Oeste e Sul, que são importantes para a produção de soja.
Isso pode resultar em um déficit hídrico, o que pode afetar negativamente o desenvolvimento das culturas. “É importante considerar que previsões climáticas específicas para a próxima safra de soja podem variar no tempo com base nas atualizações mais recentes dos modelos meteorológicos”, afirma. Por isso, ele recomenda acompanhar as previsões feitas por órgãos como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e centros de pesquisa climática ou outras bases oficiais.
Junek destaca que, especialmente este ano, as previsões têm se mostrado menos firmes na indicação para o que irá ocorrer na próxima safra 24/25. Contudo, já existe uma série histórica de eventos que apontam para determinados comportamentos esperados. Para o Centro-Sul do Brasil, a influência do La Niña geralmente resulta em uma distribuição irregular das chuvas, com a possibilidade de períodos de seca. Isso pode impactar as áreas agrícolas de forma desigual, afetando o desenvolvimento das culturas e a produtividade. Contudo, a intensidade e a duração desse padrão podem variar, então é crucial acompanhar as atualizações das previsões climáticas para obter informações mais precisas. O Centro-Norte do Brasil, que inclui partes da Região Norte e do Centro-Oeste, geralmente pode enfrentar condições de seca mais severas durante um evento de La Niña. A chuva pode ser irregular, com possíveis períodos prolongados sem precipitação. Esse cenário pode impactar diretamente o plantio e o crescimento das culturas. No Sul do Brasil, o impacto do fenômeno pode variar entre um verão mais seco e, em alguns casos, até mesmo temperaturas mais baixas do que o normal. Mas ele observa que a intensidade do impacto pode variar de acordo com a força do evento de La Niña e as características locais.
Como medidas de mitigação a um La Niña forte, Junek recomenda que os produtores considerem estratégias de manejo para amenizar os riscos, como otimizar o uso da água, ajustar os períodos de plantio e escolher variedades de soja mais adaptadas a condições de estresse hídrico. “A chegada do La Niña pode ser um sinal de alerta para a próxima safra de soja, e é importante que os agricultores fiquem atentos às previsões e se preparem adequadamente para possíveis desafios climáticos”.
O especialista frisa que algumas consultorias apontam que em anos de La Niña, apesar do atraso no plantio, tendem a ser anos com boas produtividades; e com problemas de chuvas na colheita. “Não existe como correlacionar preço futuro com base no que temos hoje em termos de previsão, mas é certo que entender as condições climáticas e tomar as melhores decisões levam a melhores produtividades, o que de certo modo é uma necessidade do produtor no momento da atual situação da agricultura”, finaliza.