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Abortamento da soja: problema volta a causar prejuízos no Paraná

Produtores do Paraná mais uma vez sofrem com o abortamento da soja. Queda das vagens, enchimento dos grãos interrompido e cor mais escura nas plantas, são alguns dos sintomas quando o problema afeta a lavoura de soja.

"As perdas são muito expressivas", diz o pesquisador da Embrapa Soja, André Prando. Ele visitou diversas áreas afetadas e constatou que o problema afeta diferentes cultivares. 

Apesar da ocorrência ser considerada pontual, já que não atinge regiões inteiras, nas propriedades em que problema foi verificado há casos em que a a perda chega a 100%. Isso porque se verificou que, mesmo as vagens que não caem, ficam com a produção comprometida, já que os grãos que ainda restam ficam escuros, sem a qualidade mínima necessária, e a vagem acaba caindo mais tarde também. 

Prando explica que a soja afetada pelo abortamento fica toda desequilibrada dos pontos de vista nutricional e hormonal, acaba emitindo uma nova florada e o ciclo da planta é alongado, o que no caso do Paraná representa prejuízo para a semeadura do milho segunda safra. 

Pesquisadores estão de dedicando a fundo para entender as reais causas do abortamento, mas ainda não há uma conclusão definitiva. “Por enquanto, avaliamos que entre as causas mais prováveis está a combinação de alta nebulosidade, alta umidade relativa do ar, temperatura alta e pouca radiação solar", diz André Prando. 

O pesquisador também esclarece que como o problema foi encontrado em diferentes cultivares, a hipótese de que um material seja mais suscetível que outro está praticamente descartada. 

 

Alternativas ao produtor

O sojicultor Paulo César Pagotto Gonçalves, de Cambira, norte do Paraná, já tinha passado por isso em 2016. “Foram 15 dias de chuva sem abrir o sol, acabei perdendo 30% da lavoura naquela safra por causa da queda das vagens”, diz ele. 

Neste ano, o produtor voltou a ter casos de abortamento, mas a incidência foi bem menor. "Mas eu sei de produtores da região que tiveram prejuízos altos nesta safra também", revela. 

O segredo para não ter sido tão afetado nesta safra, segundo ele, é o investimento que vem fazendo no melhoramento do solo. Pagotto diz que com os preços melhores da soja está sendo possível investir mais em tecnologia, inclusive na nutrição das plantas, utilizando não apenas o fertilizante tradicional, mas também os foliares. 

De qualquer forma, o atraso na safra em função do clima foi inevitável. A lavoura que deveria ter sido colhida no final de fevereiro, só estará pronta na segunda semana de março. “Mas estamos satisfeitos com a produtividade, devemos colher 82 sacas por alqueire, 18 sacas a mais do que a média do ano passado", conta o produtor, com orgulho. Ele também atribui o bom resultado ao fato de estar utilizando cada vez mais a agricultura de precisão e produtos biológicos nas lavouras.